Sou disléxica e tu?

Serei eu a única que já sentiu vergonha de admitir que é disléxica? Reconhecer que tem dificuldade em ouvir o que dizem ou interpretar a conversa incorrectamente? Ou que já teve medo de pedir ajuda porque tem dislexia? Coloca a mão no ar quem já o fez! (Eu!)

Quando conheci a Maria, pela primeira vez, senti que devia protegê-la e por isso, fui mantendo-a ”escondida”. Tudo parecia correr bem, até que o tempo foi passando e eu sentia-me cada vez mais ”culpada”. Sentia-me envergonhada por não ter coragem de apresentar a Maria ao mundo como minha amiga especial... aliás, na maioria das vezes eu apresentava-me como: "O meu nome é Inês, muito prazer." (onde é que está a Maria nesta frase?)

Vivia na ignorância de ter uma amiga especial com esperança que a dislexia não me atrapalhasse. Em público agia como se não tivesse e disfarçava através da simpatia falando calmamente. Sempre estivemos muito unidas, ainda achei que fosse assim para sempre. Porém, o tempo foi passando e a Maria sentiu vontade de crescer! Ela ganhou coragem para voar e se apresentar ao mundo.

Admito que fiquei com receio no que os outros poderiam pensar sobre ela. Também se teria “estaleca“ para aguentar com os desafios pessoais e profissionais que surgissem… mas, com o tempo aprendi que um dos segredos para o sucesso está em sabermos lidar com as nossas fraquezas tirando melhor partido delas. Sem nunca deixarmos de acreditar em nós mesmos.

Com o ano a terminar penso como é importante admitirmos quem realmente somos. É verdade que já senti vergonha ou medo por causa da minha dislexia. Contudo, a vida é tão curta que só tenho de estar grata por tudo o que já passei, pois foram todas as experiências vividas que me fizeram ganhar coragem de mostrar-vos quem realmente sou. Assim, para este novo ano eu digo-vos: Sou disléxica e tu?